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Paulo Francis in Heaven



http://www.infolink.com.br/~paulofrancis/pf4g92.htm
Cinema em 1992
* Versão 01- dez98 *

(OESP, 05/01/92) - Nova York - Restos a pagar. Amigos com filhos adolescentes me contam que os pimpolhos foram ver JFK, de Oliver Stone, e fizeram grupos de discussão sobre o filme, de que gostaram muito. O New York Times, em editorial, diz que Jim Garrison (Kevin Costner) foi uma figura malévola, mas que gente de uma certa idade recebe suas informações de imagens, apenas, e está condenada às trevas do desconhecimento. Tom Wicker, o colunista liberal do New York Times, defensor de todas as causas politicamente corretas que assim fossem classificadas, foi o repórter que cobriu JFK em Dallas, 1963, e está horrorizado com a mendicidade de Oliver Stone. Wicker vai se aposentar. Escrever livros. Só a solidão criadora consola deste mundo cada vez mais chulo, árido e vulgar. A força da imagem e a mentira da imagem. Domingo Benavides não identificou conclusivamente Harvey Lee Oswald como assassino do policial Tippit, diz Oliver Stone, e mostra uma foto de Benavides. Fui conferir. Benavides identificou Oswald como assassino de Tippit, mas não quis jurar que era ele. Um homem honesto. Sim, mas duas outras pessoas, a sra. Markhan e o sr. Coggins, presentes ao local do crime, identificaram Harvey Lee Oswald. Adolescentes que não eram um brilho no olhar de seus pais quando Kennedy foi assassinado não têm fonte de referência com que possam contrastar o sensacionalismo de Oliver Stone. Como disse, semana passada, seria preciso que o vice-presidente Lyndon Johnson, todo o Pentágono, toda a CIA, todo o FBI, toda a política de Dallas, Robert e Ted Kennedy, irmãos de John F. Kennedy, estivessem envolvidos na conspiração para jogar a culpa em Harvey Lee Oswald. E num país em que um segredo dura no máximo algumas semanas (ver Watergate, ver Irã-Contras), em 29 anos, um silêncio opressivo cai sobre os supostos autores reais do crime, se não foi Oswald. Ninguém intelectualmente respeitável defendeu o filme. Stone responde que é gente do establishment e que está, ainda que por omissão, na conspiração de silêncio contra JFK. É a síntese perfeita da filosofia da esquerda de botequim que ele representa.

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