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Tequila – O espírito do México

Jorge Tadeu da Silva

O povoado de Tequila, perto de Guadalajara, é responsável pelo nome dessa bebida imediatamente identificada com o México. Embora a região continue sendo rústica, o produto evoluiu e transformou-se numa bebida macia e sofisticada. Com a melhoria da qualidade e a maior divulgação do drinque margarita, a venda mundial de tequila cresceu bastante nos últimos anos. Hoje, bebe-se mais tequila nos Estados Unidos que no próprio México.

A lei mexicana estipula que o nome tequila somente seja empregado para destilados do bulbo central da agave, planta conhecida no Brasil como sisal. A planta leva de oito a 12 anos para amadurecer antes de ser colhida. Na época apropriada, trabalhadores do campo, chamados jimadores, cortam as folhas para revelar o coração da chamada piña, assemelhada com um grande abacaxi, que pode pesar até 70 quilos. Obtém-se a tequila pela dupla destilação em alambique de uma bebida-base chamada pulque, um fermentado da agave.

As piñas são lentamente cozidas em grandes fornos de pedra para amolecer suas fibras e depois moídas e prensadas para extrair um sumo doce, que é fermentado. Quanto maior for a porcentagem da agave na fermentação, melhor será a qualidade. A lei permite a utilização de até 49 % de açúcar. É um processo similar ao feito com vinhos para aumentar seu nível alcoólico denominado chaptalização. Tequilas produzidas com 100% de agave devem mencionar essa condição nos rótulos e são as mais caras. Toda tequila sai do agave, mas nem todas as bebidas feitas com agave são tequilas. A mezcal, por exemplo, é elaborada com agave, porém não pode ser considerada tequila. Em sua produção, as piñas são torradas, o que lhe confere um caráter terroso.

A Tequila é encontrada em quatro categorias:

Silver - Às vezes rotulada como "blanco", normalmente não-envelhecida. Serve principalmente para coquetéis.

Gold - Não é uma categoria reconhecida oficialmente. Trata-se apenas de tequila silver com adição de caramelo para dar cor.

Reposado - Envelhecida em barricas de carvalho durante três a 11 meses.

Añejo - Envelhecida de um a cinco anos em carvalho.

Pelo tempo que passam na madeira, as tequilas das duas últimas categorias perdem um pouco do intenso sabor do agave e ganham caráter rico, redondo e suave. Añejos devem ser servidos puros, para que seus complexos sabores de frutas tropicais, cedro e flores frescas sobressaiam mais. Um dos rituais da tequila é bebê-la de um só gole, depois de morder uma rodela de limão com sal. Sua versatilidade, porém, permite que seja misturada, utilizada em inúmeros coquetéis ou tomada pura em copos de cognac. O importante não é saber qual a melhor maneira de tomar tequila - e sim conhecer tudo a seu respeito para poder apreciá-la melhor.

Champagne

O termo Champagne deriva do latim popular campania, que designava uma paisagem de campos abertos. Ele pode designar:

Champagne, antiga província histórica da França
Champagne-Ardenne, a atual região administrativa francesa.
Champagne, o famoso vinho espumante.
A fine champagne, uma aguardente da região de Cognac.

A CHAMPAGNE, É UM VINHO DE CARACTERÍSTICAS ESPUMANTES CRIADO POR UM PADRE FRANCES DENOMINADO DON PERIGNON. ESTE NONE, "DON PERIGNON", ATÉ HOJE DENOMINA A MAIS FAMOSA E CARA MARCA DE ESPUMANTES NO MUNDO. MARCA FRANCESA.
O TERMO CHAMPAGNE SÓ PODE SER EMPREGADO AOS ESPUMANTES FRANCESES, POIS A REGIÃO QUE BATIZOU ESSE TIPO DE VINHO É FRANCESA.
AO EVOLUIR DOS SÉCULOS, CHAMPAGNE SE TORNOU A BEBIDA DOS REIS, DOS GRANDES ASTROS DE TV, DO SUPER JET SET MUNDIAL, ONDE ESTRELAS DE HOLLIWOOD SE AFAMARAM AO DIZER QUE TOMAVAM CHAMPAGNE COMO CAFÉ DA MANHÃ.

ipod contra zune


o microsoft se prepara para lançar no mercado um concorrente para o ipod. ao que parece, não conseguirá reproduzir a facilidade de uso que é o grande it do ipod.mas o monopolio esta ameaçado...

Zune is a player by Microsoft which will give direct competition to Apple iPod.

Zune is a 30 GB Player which means you can store up to 7,500 songs, 25,000 pictures, or 100 hours of video. Zune also has a built-in FM Tuner. Advanced tuning capabilities allows to see the name of the song currently playing on select frequencies local FM radio stations.

ZuneInsider is a dedicated blog for Zune where you can get daily updates and more details. A teaser site of Zune by Microsoft.

And here is the factsheet, press release and all details about Zune.

Meanwhile Apple Computer also unveiled its long-rumored video iPod, as well as a new iMac and an updated version of iTunes that lets users buy music videos, TV shows and movies. Check out news here.

helena de troia


A Maldição do Auriga
CAPITULO XVI
A CORTE DA BELA HELENA E O JURAMENTO DE UMA PODEROSA IRMANDADE
No país da Lacedemônia, ao sul de Micenas, elevava-se a antiga cidade de Esparta onde vivia o Rei Tíndaro com sua bela esposa Leda. A mãe do Rei, Gorgófona, era filha de Perseu e de Andrômeda. Desta maneira, eram os dois filhos de Atreu seus parentes, e o Rei Tìndaro fez-lhes calorosa acolhida ao chegarem à sua corte, fugidos de Tiestes.Dentro de pouco tempo se apaixonava Agamenon pela filha mais velha do Rei, Clitemnestra, casando-se os dois. Ao atingir a maioridade, Agamenon formou um séqüito de jovens e marchou contra Micenas para reivindicar o trono. Não tendo Tiestes conseguido conquistar o amor de seus súditos, não lutaram estes para conserva-lo no poder. Dessa forma, Agamenon, filho mais velho de Atreu, tornou-se Rei de Micenas, banindo Tiestes para a Ilha de Cítera, onde veio a falecer pouco tempo depois.Esperava seu filho Egisto herdar o trono do pai. Porém, agora, desvanecera-se essa esperança e ele julgava-se feliz por não perder também a vida, já que em outros tempos assassinara o pai do novo soberano. Por uma ou outra razão, entretanto, Agamenon mostrou-se clemente, permitindo a Egisto viver pacificamente em seus domínios, com a condição de não atentar contra sua soberania. Egisto e sua nova prima Clitemnestra, tornaram-se bons amigos. Não se opunha Agamenon a esta amizade de sua esposa e Rainha de Micenas por Egisto, porque gostava do rapaz.Depois de ajudar ao seu irmão mais velho, Agamenon, a reconquistar o trono de Micenas, voltou Menelau para Esparta. Estava loucamente apaixonado pela filha mais moça do Rei Tíndaro, que se chamava Helena. Desde que fora raptada por Teseu, e trazida de volta pelos seus irmãos Castor e Pólux, tornara-se Helena uma moça, e, se bem que não estivesse ainda em idade de se casar, estava tão bonita que se estendera sua fama até países distantes. Príncipes, e até mesmo Monarcas iam a Esparta para conhecê-la, sendo que os solteiros nunca retomavam a seus países sem a terem solicitado em casamento.Não respondia, o Rei Tíndaro, nem sim nem não a esses jovens, pois achava que se não devia apressar em escolher o marido de sua formosa filha, enquanto não alcançasse, esta, idade para se casar. À medida que crescia, porém, alastrava-se a fama de sua beleza, de maneira que se via o Rei de Esparta importunado pela impaciência dos pretendentes que o aborreciam e ao mesmo tempo o preocupavam. Era provável que, qualquer que fosse o marido que escolhesse para Helena, ficariam os outros despeitados e ressentidos, podendo mesmo vir a lhe declararem guerra e lhe tirarem não somente o trono como também a vida.Ora, existia para as bandas do norte uma ilha rochosa chamada Ítaca, onde reinava o Rei Laertes, que tinha sido um dos Argonautas. Tinha, um filho chamado Ulisses, que era o homem mais sensato e arguto que jamais existira. Mas, conquanto forte e bem conformado, Ulisses estava longe de ser belo.A fama da beleza de Helena de Tróia estendera-se até à ilha remota em que vivia Ulisses. Ele só pensava em ir a Esparta para conquistar o seu amor.Ao vê-Ia, achou-a ainda mais linda do que rezava a lenda. Quando, porém, viu a quantidade de jovens e belos príncipes que a rodeava, compreendeu que teria poucas probabilidades de conquistá-la, com seus traços vulgares e seus cabelos ruços. Havia outra jovem na corte, contudo, que olhou para ele com simpatia. Era filha de Ícaro, irmão do Rei Tíndaro, e chamava-se Penélope. Ainda que não fosse tão formosa como sua prima, era Penélope muito bonita, e Ulisses pensou que, na falta de Helena, serviria perfeitamente para sua esposa.Todos estavam ocupados com a maravilhosa Helena e em saber quem a iria desposar, de maneira que Ulisses e Penélope podiam encontrar-se a sós, sem que ninguém o percebesse. Não era certo, entretanto, que seu pai a daria em casamento ao príncipe de uma pequena e pobre ilha rochosa. Por isso, depois de refletir maduramente, Ulisses foi falar com o Rei Tíndaro.- Quer me parecer, disse ele, que todos esses jovens que pretendem a mão de sua filha estão se tornando um problema para você.- Isto é verdade, respondeu o Rei Tíndaro, com um suspiro. Queria poder casá-la com um deles para que os outros fossem embora para suas casas. Porém, cada um deles considera o fato de ser escolhido para marido de minha filha, um ponto de honra para sua família. Só posso escolher um deles. Mas receio que os outros não se conformem, e o levem a mal. Verdadeiramente, não sei o que fazer.- Suponha, disse Ulisses, que você encontre um meio de fazer com que eles assistam pacificamente às bodas de sua filha, separando-se em seguida amistosamente, de você e dos outros companheiros.- Se você conseguisse isto, respondeu o Rei Tíndaro, poderia pedir-me a recompensa que quisesse.- Agradeço-lhe, Rei Tíndaro, e me lembrarei de sua promessa. Agora, eis o meu plano: reúna todos esses jovens que pretendem casar com sua filha e faça-os prestar um juramento solene: primeiro, que a própria princesa escolherá aquele com quem deseja casar-se; segundo, que os outros se acharão unidos numa grande irmandade para proteger a sua honra e a do homem que ela houver escolhido; para defendê-los contra qualquer pessoa que tente separá-los, e vingar qualquer ofensa que venham a sofrer. Porém, Rei Tíndaro, você unirá os pretendentes de sua filha nessa irmandade antes que Helena revele a sua escolha. Todos terão, assim, esperança de ser escolhidos, e prestarão com prazer um juramento que lhes dará não somente paz no presente, mas, também, segurança, no futuro.O Rei ficou encantado com a idéia e apressou-se em anunciá-la. Como previra Ulisses, esperando todos os jovens ser eleitos por Helena, apressaram-se em fazer o solene juramento de irmandade. Achava-se Ulisses entre eles, pois preferia Helena a Penélope; porém, quando o Rei Tíndaro perguntou a Helena quem ela queria para, marido, ela escolheu Menelau.Casaram-se com grande pompa. Os outros jovens sopitaram seu amargo desapontamento para não empanar a alegria dos festejos, depois do que se despediram e voltaram pacificamente para suas casas. Então o Rei Tíndaro mandou chamar Ulisses.- Casou-se minha filha com o homem que ama; ainda estou vivo, e ainda sou Rei de Esparta, disse ele. Tudo isto nós lhe devemos, Ulisses; diga-me agora como poderei recompensá-lo.- Acima de tudo neste mundo, respondeu Ulisses, desejo casar-me com sua sobrinha Penélope.De todo o coração, disse Tíndaro. E mandou buscar a moça. Quando Ulisses lhe pegou a mão ela enrubesceu, cobrindo a, face com o véu. Mas, depois de casados, partiu alegremente com ele para a distante ilha rochosa de Ítaca. Recebeu-a o Rei Laertes com demonstrações de amor e de carinho.- Estou ficando velho, disse ele, e posso agora abandonar o trono com o coração tranqüilo. Meu filho tornou-se homem e, tendo uma tão bela e boa moça, para ocupar o trono a seu lado, poderá Ulisses governar Ítaca no meu lugar.Ulisses e Penélope amavam-se encarecidamente, e, com o tempo, tiveram um filho que chamaram Telémaco; grandes eram os encantos do velho Rei Laertes pelo seu pequeno neto.Helena e Menelau viviam felizes em Esparta, e, quando o Rei Tíndaro veio a morrer, Menelau tornou-se rei em seu lugar. Enquanto isto, em Micenas, a irmã mais velha de Helena, Clitenmestra, dera três filhos a Agamenon: duas filhas, Ifigênia e Electra, e um filho chamado Orestes. Quanto a Helena de Esparta, teve uma filha que denominou Hermíone; todos pareciam viver felizes, bem estabelecidos e sossegados nos vastos domínios que Agamenon governava, de Micenas.Quanto aos pretendentes de Helena, encontraram outras moças para desposarem, e com elas constituírem família. Na maioria , tinham esquecido quão pressurosos estiveram de conquistar a bela Helena, e riam-se rememorando aquela loucura de sua mocidade; nenhum deles se lembrava mais do juramento que haviam feito. No entanto, ainda se achavam ligados por ele, como o futuro iria prová-lo. Negra nuvem estender-se-ia em breve sobre as vidas de Helena e Menelau, Agamenon e Clitemnestra, e as crianças que brincavam felizes ao sol de Esparta, e Micenas, ou nas colinas da cidade de Tróia que dominavam os campos circundantes.[transcrição e adaptação do texto original de George Baker,em DEUSES E HERÓIS, editora Brasiliense, 1960.]

PELÉ 50 ANOS

A ITALIANADA PODE TER GANHADO, O ZIDANE PODE TER COLOCADO A GENTE NA RODA NOVAMENTE, MAS A HISTÓRIA É NOSSA:

"Parecia um helicóptero em sua mágica capacidade de permanecer no ar o tempo que quisesse"FACHETTI, zagueiro italiano na Copa de 1970

"Pelé é o único que ultrapassa os limites da lógica"CRUIJFF, comandante do Carrossel Holandês na Copa de 74

"Maradona só será um novo Pelé quando ele ganhar 3 Copas do Mundo e marcar mais de mil gols"CÉSAR LUIS MENOTTI, ex-jogador do Santos e ex-técnico da Seleção Argentina
"Pelé desequilibrou o mundo"GILMAR, goleiro do Santos e da Seleção

"Senti medo, um terrível medo quando vi aqueles olhos. Pareciam olhos de um animal selvagem, olhos que soltavam fogo"OVERATH, jogador alemão nas Copas de 66 a 74

"Como se soletra Pelé? D-E-U-S"THE SUNDAY TIMES, jornal inglês com entrevista com Pelé


"Pensei: ele é de carne e osso como eu. Me enganei"TARCISIO BURGNICH, defensor italiano na Copa de 70

"Muito prazer, eu sou Jimmy Carter, você não precisa se apresentar. Pelé todo o mundo conhece"JIMMY CARTER, ex-presidente dos Estados Unidos


"O maior jogador de futebol do mundo foi Di Stefano. Eu me recuso a classificar Pelé como jogador. Ele está acima de tudo"PUSKAS, craque do escrete húngaro que dominou o futebol no início dos anos 50


BOM, DEPOIS DE TANTA MELAÇÃO PARA O REI, UMA VISTA ALÉM DO GIGANTE DO FUTEBOL:

VALEU, GENTE. PERDEMOS ESSA, MAS O REI AINDA É NOSSO E AS MELHORES MULHERES TAMBÉM...

A VINGANÇA FEMININA...

Bunda mole é ? Belinha acordou às seis, arrumou as crianças, levou-as para o colégio e voltou para casa a tempo de dar um beijo burocrático em Artur, o marido, e de trocarem cheques, afazeres e reclamações. Fez um supermercado rápido, brigou com a empregada que manchou seu vestido de seda, saiu como sempre apressada, levou uma multa por estar dirigindo com o celular no ouvido e uma advertência por estacionar em lugar proibido, enquanto ia, por um minuto, ao caixa automático tirar dinheiro. No caminho do trabalho batucava ansiedade no volante, num congestionamento monstro, e pensava quando teria tempo de fazer a unha e pintar o cabelo antes que se transformasse numa mulher grisalha. Chegando ao escritório, foi quase atropelada por uma gata escultural que, segundo soube, era a nova contratada da empresa para o cargo que ela, Belinha, fez de tudo para pegar, mas que, apesar do currículo excelente e de seus anos de experiência e dedicação, não conseguiu. Pensou se abdômen definido contaria ponto, mas logo esqueceu a gata, porque no meio de uma reunião ligaram do colégio de Clarinha, sua filha mais nova, dizendo que ela estava com dor de ouvido e febre. Tentou em vão achar o marido e, como não conseguiu, resolveu ela mesma ir até o colégio, depois do encontro com o novo cliente, que se revelou um chato, neurótico, desconfiado e com quem teria que lidar nos próximos meses. Saiu esbaforida e encontrou seu carro com pneu furado. Pensou em tudo que ainda ia ter que fazer antes de fechar os olhos e sonhar com um mundo melhor. Abandonou a droga do carro avariado, pegou um táxi e as crianças. Quando chegou em casa, descobriu que tinha deixado a pasta com o relatório que precisava ler para o dia seguinte no escritório! Telefonou para o celular do marido com a esperança que ele pudesse pegar os malditos papéis na empresa, mas a bosta continuava fora de área. Conseguiu, depois de vários telefonemas, que um motoboy lhe trouxesse os documentos. Tomou um banho, deu o jantar para as crianças, fez os deveres com os dispersos e botou os monstros para dormir. Artur chegou puto de uma reunião em São Paulo, reclamando de tudo. Jantaram em silêncio. Na cama ela leu metade do relatório e começou a cabecear de sono. Artur a acordou com tesão, a fim de jogo. Como aqueles momentos estavam cada vez mais raros no casamento deles, ela resolveu fazer um último esforço de reportagem e transar. Deram uma meio rápida, meio mais ou menos, e, quando estava quase pegando no sono de novo, sentiu uma apalpadinha no seu traseiro com o seguinte comentário: - Tá ficando com a bundinha mole, Belinha... deixa de preguiça e começa a se cuidar.. Belinha olhou para o abajur de metal e se imaginou martelando a cabeça de Artur até ver seus miolos espalhados pelo travesseiro! Depois se viu pulando sobre o tórax dele até quebrar todas as costelas! Com um alicate de unha arrancou um a um todos os seus dentes depois deu-lhe um chute tão brutal no saco, que voou espermatozóide para todos os lados! Em seguida usou a técnica que aprendeu num livro de auto-ajuda: como controlar as emoções negativas. Respirou três vezes profundamente, mentalizando a cor azul, e ponderou. Não ia valer a pena, não estamos nos EUA, não conseguiria uma advogada feminista caríssima que fizesse sua defesa alegando que assassinou o marido cega de tensão pré-menstrual... Resolveu agir com sabedoria. No dia seguinte, não levou as crianças ao colégio, não fez um supermercado rápido, nem brigou com a empregada. Foi para uma academia e malhou duas horas. De lá foi para o cabeleireiro pintar os cabelos de acaju e as unhas de vermelho. Ligou para o cliente novo insuportável e disse tudo que achava dele, da mulher dele e do projeto dele. E aguardou os resultados da sua péssima conduta, fazendo uma massagem estética que jura eliminar, em dez sessões, a gordura localizada. Enquanto se hospedava num spa, ouviu o marido desesperado tentar localiza-lá pelo celular e descobrir por que ela havia sumido. Pacientemente não atendeu. E, como vingança é um prato que se come frio, mandou um recado lacônico para a caixa postal dele. - A bunda ainda está mole. Só volto quando estiver dura. Um beijo da preguiçosa... (Extraído do livro: Este sexo é feminino /Patrícia Travassos). PS: Quem tiver coragem, que envie ou imprima e mostre para o maior número de mulheres, EU NÃO TENHO E NÃO VOU IMPRIMIR...

O CLIMA DA COPA


O CLIMA DE COPA NÃO PODERIA SER OUTRO: BRASIL FAVORITO TOTAL E INQUESTIONÁVEL.
A ÚNICA SELEÇÃO COM VALORES INDIVIDUIS EQUIPARÁVEIS É A INGLATERRA.
ITALIA DEFICIENTE NO ATAQUE, ARGENTINA DEFICIENTE NA DEFESA, ALEMANHA DEFICIENTE EM TUDO MENOS NA FORÇA DE VONTADE, FRANÇA ENVELHECIDA. PORTUGAL APENAS LUTADOR...

MESMO A VITÓRIA SOBRE GANA FOI PATENTE. SE TIVESSEMOS MAIS NOVENTA MINUTOS SERIAM UNS ONZE A DOIS. GANA FOI FRAQUISSIMA. UM FUTEBOL INFANTIL E CHORÃO. RECLAMANDO DE UM IMPEDIMENTO SENDO QUE RONALDO FOI "IMPEDIDO" DE CONVERTER UM GOL AOS DOIS MINUTOS POR UM IMPEDIMENTO MAL MARCADO.

O QUE ME EXASPERA É A INGENUIDADE E FALTA DE SENTIDO DE TEMPO DO PARREIRA, QUE A DESPEITO DE POSSUIR EM SEU TIME O MAIOR JOGADOR QUE EU VÍ JOGAR (RONALDINHO GAUCHO), ESCALA O MESMO DE VOLANTE. MATANDO O MAIOR TALENTO DESDE A DESPEDIDA DO PIBE DE OURO,MARADONA.

GRAÇAS A DEUS O MAIOR ATACANTE DE TODOS OS TEMPOS AINDA ESTÁ VIVO. GORDO, MAS BRASILEIRO!

MITOLOGIA CELTA: The Glastonbury Area. LAR DE MORGANA



Glastonbury Tor por Arianrhod

A grama verde claro, circunda toda area do Tor em Glastonbury.
O Tor eh um landmark. Esta montanha magica fica situada a 520 Pes
acima do nivel do mar.

Muitas
sao as estorias contadas sobre o Tor, mas numa coisa todos concordam: O Tor
eh um lugar em que o veu entre o real e o alem, teorna-se muito fino.
Encontros com fadas, espiritos guardiaes do Lugar e mesmo disco voadores sao
bastante comuns..

Glastonbury e mais precisamente, O Tor sao
considerados lugares sagrados para Pagaos, Heathens, Cristaos e todos
que ja experimentaram seu poder. Alguns dizem que esta forca deve-se aos
Genius Loci ou Lares Patellarii, outros atribuem esta aura a tremenda
forca dos Ley lines (dragon lines) que sao linhas de forca que se tocam no
topo do Tor. O pessoal chama estas correntes gemeas de Michael e Mary
(energias positivas e negativas). Dizem que estas linhas se encontram na
corte do rei Arthur. Geomancers dizem que estas linhas Geomagneticas
atravessam os jardins do chalice Well (Poço do calice), passam pela velha
Abadia e pelo Tor, vindo do leste da Cornwall e continuando para o
Oeste ate Norfolk , onde existe um circulo de pedras. Antes de atingir
Norfolk as linhas passam por Avebury ( ja mandei fotos deste fenomenal
circulo de pedras para voces). Estas linhas seguem paralelas, so se tocando
no summit do Tor.



Para os Cristaos, ha estorias de como Jose de Arimateia, cravou seu cajado em
Avalon, dele nascendo uma arvore sagrada (Hawthorn). Esta sendo a mae das
outras Hawthorne no jardim.
Tambem ha estorias de que Jose de Arimateia trouxe o calice do GRAAL para
Glantonbury e escondeu-o perto do Well (poço).

ARIANRHOD

PSICHOS: a teogonia de jung, sophia...



A teogonia de Jung é a projeção no macrocosmo da psiqué humana e os mitos de criação (cosmogônicos) descrevem o despertar da consciência a partir do inconsciente. Para ele, o Demiurgo é o ego ou o pequeno Si-mesmo. Nossos relacionamentos projetam nossos fracassos e inadequações interiores: é o reino da sombra, o vilão interior. Além disso, ele escolhe Sophia como a mais elevada entre as figuras de anima: Barbelo, Eva, Helena e Maria. Estas são representantes de fases anteriores do processo de autoconhecimento masculino, que é acionado quando a anima, ativada, conduz a alma para dentro do interior psíquico e produz a totalidade indispensável. Para ele, salvar o homem do mundo é um processo de desidentificação em relação ao Outro externo e ao Outro interno.
Jung diz mais: mudança sem transformação é um desastre: os elementos naturais apenas mudam, mas não se transformam, por isso é necessário realizar a opus contra naturam, para que haja real transformação e diminuam as projeções, preparando o homem para encarar sua própria luz interior, quando o Self retorna a si-mesmo, dando a quintessência do que foi e do que será.
Sobre a questão do mal, Jung pronuncia-se contra a teoria platônica, retomada por Santo Agostinho, de que o mal é a ignorância ou privação do Bem; para ele, o mal existe como pólo antinômico do Bem, atributos que se anulam no Pleroma. Isso ele afirma em seu Primeiro Sermão. Nessa questão, Jung coloca-se contra a teoria agostiniana da privatio boni, de origem platônica.
Jung levanta a hipótese da inconsciência de Deus, a partir do caos da indiferenciação ao cosmos, da lei, da ordem e da diferenciação. Para ele, não existem seres irreligiosos, apenas há os que não reconhecem o nível importante do inconsciente, o poder da imaginação e a dialética de compensação que efetiva, por meio dos símbolos, os conteúdos inconscientes. Mas acrescenta ele: a necessidade não é de uma crença e sim de uma experiência religiosa que integra a alma numa totalidade. Deus é para ser vivenciado, pois só o que experimenta está vivo, o que crê está morto. Daí a importância do controle da consciência que enriquece e beneficia a alquimia e a magia do inconsciente em suas projeções.


É assim que Jung dá grande importância à subida do nível de consciência, a partir do inconsciente urobórico e indiferenciado. Disso dão conta os mitos luciferinos e prometeicos, bem como os papéis de Lilith e Eva.
Na verdade, Jung acha que não somos nós que fazemos as imagens de Deus: “Elas é que se fazem”, constituindo-se a imago Dei num complexo autônomo de grande força e intensidade, arraigado na plenitude do Ser, na psiqué como um todo, cabendo apenas ao ego pessoal confiar nesse poder transcendente, que é o Deus que está na alma, como uma realidade viva, dando-nos o esplendor dos recursos suprapessoais, da criatividade e da auto-renúncia.
Tais idéias conduzem diretamente à relatividade da concepção de Deus, sendo a prece apenas o prazer que se extrai da experiência divina, como doação de si-mesmo a seu Deus interior: a gnosis kardia, já mencionada. Por via de conseqüência, o mito da encarnação contínua de Deus nos seres criados e a redenção mútua do homem e de Deus, idéias que Jung retomará na década dos 50, com seu “Resposta a Jó”.
No campo da moral, Jung aceita o antinomianismo dos gnósticos (não reconhecimento das leis ditadas pela moral convencional dos homens em sociedade) e propõe a ética da convicção pessoal, ditada pelo núcleo arquetípico da sabedoria interior que cada homem possui. Para ele, a meta da plenitude não deve ser confundida com os ideais da perfeição, pela via da imitação do Cristo.
Hoeller acha mesmo que a individuação pode implicar em ir-se contra os critérios estabelecidos pela sociedade, evidenciando um conflito entre a lei e a liberdade do indivíduo, único verdadeiro portador de consciência. (Cf. 1993:155).
Como Deus é uma união de opostos no Pleroma, a plenitude do Ser só ocorre no inconsciente coletivo: bem e mal, belo e feio, verdade e erro etc. Daí, a importância da integração da sombra, para compor a totalidade do indivíduo, incluindo seu lado negativo ou rejeitado no processo de individuação.
Acompanhando Hartmann e Schopenhauer, Jung concebe Deus como inconsciente, representado pelo caos e sua indiferenciação, tanto no inconsciente, como no cosmos. Resulta, então que a missão do homem é o resgate da diferenciação pela consciência, inclusive pela consciência do mal.


A subida do nível de consciência, cujos mitos principais, já apontados, são os de Lúcifer e de Prometeu é a verdadeira missão do homem na terra e o papel do feminino no processo de individuação (Lilith, Eva, Pandora) é reconhecido em diversos mitos de diferentes povos.
Jung segue ainda as idéias de um filósofo medieval - Joachim dei Fiori - que falava de uma Era do Pai, uma Era do Filho e uma Era do Espírito Santo. Em seu livro “Resposta a Jó”, Jung retoma essas idéias com seu mito de encarnação contínua de Deus e da redenção mútua do homem e de Deus.
Do ponto de vista religioso, aceitam os gnósticos de Alexandria, nesses primeiros séculos da Era de Peixes, a figura de Jesus - o homem perfeito - que encarna o CRISTO, o ungido, o Messias - emanação do Deus perfeito - para a redenção do Homem e da Humanidade. Jung, no entanto, criticará a unilateralidade da concepção cristã, com a ausência da sombra divina, o Leviatã. Ele fala, também, da sombra de Deus e do Cristo, ainda que não aceita oficialmente pelo cânones da Igreja. Ele se refere à figura do Anticristo, que surgiu no fim do primeiro milênio cristão, como uma enantiodromia à perfeição imaculada do Cristo. Aconselha ele que devemos temer a Deus e ensina que a idéia do anticristo é arquetípica, para completar o quatérnio: MAL X BEM; ESPÍRITO X MATÉRIA..

Em suma, a salvação ou redenção do Homem não se faz pela fé, mas pelo conhecimento - GNOSE (do grego = conhecimento). Mais precisamente, pelo autoconhecimento. Coincide assim o esforço gnóstico com o processo de individuação junguiano, a partir dos seguintes pressupostos:

1) - se há um Deus supremo, transcendente; por outro lado, há um Deus imanente, em cada ser
humano, que cumpre libertar e contactar, pela experiência direta do divino em nós;
2) - o caminho para isso é o da transformação da alma, cadinho onde as experiências místicas
ocorrem, e onde se cumpre (ou não) o casamento alquímico do Rei e da Rainha, do divino e do
humano, em nossos corações: é o Caminho da Individuação;
3) - a meta e o propósito da vida são, portanto, o atingimento desse estado de consciência, a
partir da inconsciência - da agnoia - anterior, sombra que sustenta o desabrochar da consciência
divina no Homem;
4) - o grande pecado da alma é a ignorância (avidya, em sânscrito) que a mantém nas trevas,
afastada de sua divina origem.
5) - a possibilidade de se realizar a transmutação da alma é sustentada pelos arquétipos,
elementos estruturantes da psiqué, padrões e formas dominantes que organizam o ego,
complexo do nível consciente, assim como as demais partes que se confrontam na arena
psíquica: a sombra - geralmente identificada pelos aspectos rejeitados, não assimilados que
permanecem subliminares na inconsciência; a persona - cuja base arquetípica permite a
adaptação ao mundo exterior, de relação, integrando a consciência coletiva no indivíduo etc.
6) - dos arquétipos - do pai, da mãe, do puer, da puella, do senex, do animus, da anima e outros - o principal, é o SELF (Si-mesmo), o que coordena, estrutura e corrige compensatoriamente os desvios das ações conscientes. Representa a imagem de Deus em nossa alma, o Deus interior, o Cristo imanente, objeto constante da busca gnóstica pelo conhecimento e pela devoção.
7) - por último, a relação dual entre matéria e espírito, se é resolvida por alguns gnósticos pela
negação da primeira e até por sua tentativa de supressão, por outros, mantido embora o
dualismo, a matéria é considerada divina, por ser o Templo que abriga o espírito e, assim, é
considerada e respeitada. Alguns gnósticos chegaram ao extremo de supor que nada do que
fosse materialmente feito poderia afetar o espírito, razão pela qual permitiam-se até exageros e
licenciosidades, condenados pelos demais (Carpócrates).
8) - ABRAXAS é a energia psíquica, a vida criativa que confere significado a partir da ilha da consciência que emerge do inconsciente. O mergulho neste, no entanto, exige o afastamento do espetáculo feérico da vida ativa sustentada por ABRAXAS.

Os Sete sermões representam a descida pelo setenário do Pleroma à psiqué humana, a criadora das imagens, sendo o homem o mediador entre as duas eternidades, e a sincronicidade o ponto de encontro entre ambas. Trata-se do encontro entre a física subatômica e a psicologia analítica.
É o homem que dá significado através da consciência - reino das avaliações subjetivas - contactando e ativando emocionalmente o inconsciente e, assim, trazendo as imagens arquetípicas à luz da consciência. Sendo os arquétipos psicofísicos ou psicóides, eles se manifestam nos dois planos, o que caracteriza sua transgressividade.


O homem, como alquimista e sacerdote dessa nova gnose, é um modelo unitário da realidade com conexões causais e acausais, reconciliando espírito e matéria, na unidade do mundo, na síntese do unus mundus. Vida e espírito se reúnem: o espírito dá o significado, mas ele não é nada sem a vida...
Sem dúvida, que a natureza dual da condição humana aconselha o convívio sábio com estas forças instintivas, inconscientes, que deverão ser encaminhadas - pela GNOSE, pelo reconhecimento - à luz da consciência, que delas retirará a necessária energia para a Grande Obra, a saber a transmutação do chumbo em ouro, da matéria bruta em matéria sutil, ultrapassando os sete corpos, os 32 caminhos e as 50 portas - estreitas que sejam - para se chegar à flor de ouro, que jaz escondida no fundo de nossas almas. Achá-la é o desafio diuturno da vida de cada um de nós!
No entanto, é preciso precaver-se contra o falso otimismo do poder positivo da mente: é preciso estar sempre de olhos abertos, sabendo introvertê-los, para fugir da sedução de ABRAXAS, encontrando o Deus interior que realiza a própria transformação, como realidade psíquica, que dá significado à vida, engendrando o processo de individuação.

BIBLIOGRAFIA

1 - BAIGNET, M., LEIGH, R., e LINCOLN H. - O SANTO GRAAL E A LINHAGEM SAGRADA. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
2 - DOURLEY, J.P. - A DOENÇA QUE SOMOS NÓS: a crítica de Jung ao cristianismo São Paulo: Paulinas, 1987.
3 - FERRATER MORA, J. DICCIONARIO DE FILOSOFIA. Buenos Aires: Sudamericana, 1958.
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5 - - JUNG E OS EVANGELHOS PERDIDOS: uma apreciação junguiana sobre os Manuscritos do Mar Morto e a Biblioteca de Nag Hammadi. São Paulo: Cultrix/Pensamento, 1993.
6 - JUNG, C.G. - SÍMBOLOS DA TRANSFORMAÇÃO
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8 - SCHUON, F. - GNOSIS, lenguaje del Si. Trad. do francês por José Manuel de Rivas. México: Heliópolis, 1993.
9 - VOEGLIN, E. - CIENCIA, POLITICA Y GNOSTICISMO. Madrid: Rialp, 1977.

* Livre-Docente e Doutora em Ciências pela UERJ. Pesquisadora da obra de Jung, com livros e artigos publicados.

mitologia classica: venus, A Estátua e o Andrógino:


do Arquétipo à Função
Rosário Ferreira
Universidade de Coimbra

Resumo - Esta comunicação pretende mostrar como, da mesma forma que os mitos, também muitos textos literários se encontram em relação com as imagens arquetípicas que, segundo Jung, constituem o inconsciente colectivo. Dada a sua maior afinidade com a lógica do imaginário, os textos da esfera do maravilhoso ou do fantástico são particularmente adequados para ilustrar o fenómeno de discursivisação dos arquétipos e para pôr em evidência a forma como certos elementos, disfuncionais do ponto de vista narrativo, encontram a sua funcionalidade no plano simbólico. Assim, seleccionaram-se dois textos integráveis nestas categorias – uma das Cantigas de Stª Maria, de Afonso X, e o conto La Vénus d'Ille, de Mérimée – e procedeu-se à sua análise comparada, que permitiu hipotetizar que, na génese de ambos, se encontra um dos mais caracterizados arquétipos junguianos – o andrógino; em seguida, estendeu-se a possível influência deste arquétipo a um leque mais largo de textos literários.
As potencialidades do andrógino enquanto imagem estruturante de uma realidade enigmática estão já implícitas no Banquete de Platão; contudo, a androginia é um tema que, talvez pelo seu comprometimento com a vertente sexual do homem, marginalizada na tradição filosófica ocidental, só na segunda metade do séc. XX parece ter sido reabilitado na qualidade de objecto de estudo de ramos do conhecimento perfeitamente respeitáveis. A história das religiões, nomeadamente, tem-se debruçado sobre o mito do andrógino, revalorizado pela afirmação de Mircea Eliade de que "se trata de um arquétipo universalmente difundido"(2) e pela sua conclusão de que, sobredeterminando o significado da coexistência de sexos numa divindade,
"A androginia é uma forma arcaica e universal de exprimir a totalidade, a coincidência dos contrários, a coincidentia oppositorum. Mais do que uma situação de plenitude e de poder sexual, a androginia simboliza a perfeição de um estado primordial, não condicionado. [...] Entenda-se que a androginia se toma uma forma geral de exprimir a autonomia, a força, a totalidade; dizer de uma divindade que é andrógina é o equivalente de dizer que se trata do ser absoluto, da realidade última"(3).
O mito do andrógino é, assim, redimensionado no seu valor gnoseológico e ontológico, não só porque, ao ser assimilado a um arquétipo jungiano, passa a ser encarado como um padrão tipicamente humano de percepção e apreensão do real(4), mas ainda porque a imagem paradoxal da androginia se amplia semanticamente numa poderosa representação do mistério da realidade total, vista como transcendência dos contrários.
Ainda que seja possível, como mostra Jean Libis(5), encontrar traços da nostalgia do andrógino em religiões centradas numa divindade masculina todo-poderosa, é com os mitos e os ritos orgiásticos e sacrificiais ligados aos cultos arcaicos da Grande Deusa, a terra, senhora da vida e da morte, que o arquétipo apresenta uma afinidade essencial. Com efeito, o andrógino, figuração da coincidentia oppositorum, ao ilustrar a coalescência dos sexos, simboliza a mediação dos contrários que vai, segundo Gilbert Durand(6), tornar possível a ciclicidade temporal conducente ao exorcismo do tempo. Assim, nas palavras deste autor,
"O andrógino, microcosmos de um ciclo onde as fases se equilibram sem que uma seja desvalorizada em relação à outra, não é, no fundo, senão um "símbolo de união". É a díade por excelência, que põe igualmente em relevo as duas fases, os dois tempos do ciclo"(7).
Ora, passando do universo dos arquétipos para o dos mitos, esta díade androgínica, paradigmaticamente figurada, segundo Groddeck(8), na união pré-natal mãe/filho, desdobra-se, por exigências narrativas, no par Grande Deusa/pequeno deus. Todavia, a resistência da imagem arquetípica ao processo de discursivização manifesta-se na redundância do semantismo que, na opinião de Gilbert Durand(9), caracteriza os mitos. Assim, tendo em conta a sinonímia de bissexualidade e assexualidade referida por Marie Delcourt(10), a androginia inscreve-se repetidamente no mito: a Grande Deusa, amalgamando características maternais e terrificantes, surge muitas vezes como duplamente sexuada, e o destino do seu filho/amante passa geralmente pela castração.
Este fenómeno é claramente ilustrado pelo episódio dos amores de Agdístis e Átis, inserido no complexo mítico associado ao culto de Cibele, a Grande-Mãe frígia. Agdístis, filho da terra e de Zeus, é um hermafrodita de extraordinária ferocidade; os deuses, receando a sua violência, encarregam Baco de o emascular enquanto dorme, embriagado, à sombra de uma árvore. Como fruto final da fecundação da terra pelo sangue de Agdístis surge Átis, um adolescente maravilhosamente belo, figura emblemática do pequeno deus sacrificial, por quem Agdístis, agora na sua fase feminina, se apaixona. Durante algum tempo, Átis parece corresponder a este sentimento, mas deixa-se induzir ao casamento com a filha do rei de Pessinonte. Agdístis interrompe a boda, espalhando a loucura entre os presentes que, tomados de pânico, se auto-emasculam; Átis foge apavorado, castrando-se e deixando-se morrer à sombra de um pinheiro(11).
É pregnante neste mito a recorrência da androginia, figurada quer como cumulação dos dois sexos no mesmo indivíduo (Agdístis, Baco) quer como anulação da diferenciação sexual a que corresponde a castração (Agdístis, Átis, e todos os homens presentes na boda)(12). Além disso, levando ao extremo o redobramento semântico, Agdístis, simultânea e sucessivamente homem e mulher, é um avatar quer da Grande Deusa quer do pequeno deus, condensando em si as potencialidades de ambos e ilustrando a fusão e a virtual identidade dos elementos da díade, como nota Jean-Jacques Walter(13).
Foi a este contexto mítico-simbólico, dominado pela obsessão da androginia, que me levou a análise comparada do n· 42 das Cantigas de Santa Maria de Afonso X, o Sábio, datadas do séc. XIII, com o conto fantástico La Vénus d'Ille de Prosper Mérimée, publicado em 1834. Entre estes textos, separados por seis séculos, existe uma flagrante semelhança temática já notada por Keller e Kinkade(14): em ambos, um jovem de vida sentimental atribulada coloca no dedo de uma estátua (representando num caso a Virgem, noutro Vénus) um anel de noivado que receia estragar ao jogar à bola. A imagem encolhe o dedo, impedindo a recuperação do anel. O casamento do rapaz é celebrado, mas, chegada a noite, a divindade ultrajada interpõe-se entre os noivos: no primeiro texto, leva o jovem a encerrar-se num convento; no segundo, é, aparentemente, o agente da sua morte.
Estas narrativas, escritas, segundo tudo indica, sem conhecimento uma da outra, são apenas dois exemplos da atenção que, ao longo dos tempos, tem suscitado a lenda da estátua, cujas primeiras versões escritas parecem ser os sucintos relatos de Hermann Corner(15), aparentemente ainda do séc. XI, e de Guilherme de Malmsbury, no séc. XII. Esta lenda foi sucessivamente retomada, quer na sua forma pagã original, quer em versões cristianizadas, por Vincent de Beauvais, Gautier de Coincy, Gonzalo de Berceo, Santo Antonino de Florença, Enrique Kornman, Martin del Rio, o barão de Eichendorf e Heinrich Heine, entre outros.
Tanto na Cantiga n·42 como na Vénus d'Ille se nota um adensamento da estrutura mítica já implícita nas versões primitivas, conseguido por meio da adjunção de novos elementos narrativos que, ao permitirem o estabelecimento de cadeias de isomorfismos entre os dois textos, vão contribuir para a clarificação da coerência simbólica de cada um deles.
Verfica-se que, em ambos os textos, a estátua surge associada a um conjunto de características que remetem para o simbolismo cíclico da Grande Deusa, sendo, por um lado, indiciada a sua natureza ctónica, conotada com os poderes subterrâneos, e, por outro, sugeridas as suas potencialidades enquanto divindade agrária. Assim, na cantiga, a imagem é levada do interior da igreja "que querian renovar/ hüas gentes" para a praça onde "avia/ un prado mui verd'assaz/ en que as gentes da terra [...] jogavan à pelota"; na Vénus, a estátua é descoberta ao ser desenraizado "un vieil olivier qui était gelé de 1'année dernière"(16) – o que leva a pensar que a historia se desenrola na Primavera –, sendo colocada "à l'angle d'une haie vive qui séparait un petit jardin d'un vaste carré [...] qui [...] était le jeu de paume de la ville". A estátua é, pois, real ou simbolicamente desenterrada (Gilbert Durand(17) assinala o isomorfismo da terra, da gruta, da capela e do túmulo), sendo a ideia de renascimento e de renovação, assim sugerida, apoiada pela conotação de fertilidade associada ao local da sua nova colocação e ampliada ainda pela noção de alternância ligada ao valor do jogo como símbolo da ordem do mundo(18), figuração ritual da luta entre as forças da luz e da vida e o poder das trevas e da morte. Se na cantiga este aspecto é apresentado com bastante discrição(19), na Vénus revela-se mais claramente quando os adversários surgem – o protagonista, Alphonse, "pâle", e o seu oponente, o Aragonês, "presqu'aussi foncé que le bronze" – contrastando cromaticamente como peças de xadrez, o jogo cósmico por excelência, como mostra Burckhardt(20). A estátua impõe-se, pela sua localização, como árbitro do jogo(21), detentora da ordem cósmica que pode preservar, assegurando a alternância cíclica ou, pelo contrário, romper, instaurando ou perpetuando o estado de "terra gasta" – como virá a acontecer no final da Vénus, quando as vinhas gelam sucessivamente em Ille.
Um outro aspecto interessante é a insistência no facto de a estátua(22) ser primordialmente o sujeito, e não o objecto, do amor – e de um amor inquietante. Esta ideia é repetidamente expressa no refrão da cantiga "A Virgen [...] dos que ama é ceosa [...]"; no conto, é posta em evidência na inscrição "cave amantem", interpretada pelo narrador como "prends garde à toi si elle t'aime". Tal constatação é tanto mais digna de nota quanto é nítido o seu contraste com situações tópicas no contexto literário em que estas obras se integram. Assim, nas Cantigas de Stª Maria, a maior parte dos milagres é, inversamente, propiciada pela devoção, logo pelo amor, da personagem central à Virgem. Do mesmo modo, na novela Le dernier des Bracciano, onde, segundo Jean Decottignies(23), Merimée se terá inspirado para o desenlace do seu conto, a tragédia é despoletada pelo amor apaixonado que o herói vota a uma estátua de Vénus; ora, Alphonse, o protagonista da Vénus d'Ille, é apresentado como incapaz de qualquer sentimento amoroso profundo. Trata-se de uma personagem dada a amores fáceis e venais, como nota Jacques Chabot(24), saudosa da vida de estúrdia que tinha conhecido em Paris e destituída de qualquer noção de fidelidade, pois na manhã do casamento traz ainda no dedo um anel, presente de uma antiga amante, não hesitando em oferecê-lo à noiva em substituição do que a ela era destinado mas se encontrava retido na mão de Vénus. A sua atitude face ao casamento, mostrando-se, segundo o chocado comentário do narrador, "plus touché de la dot que des beaux yeux de sa future", enquadra-se perfeitamente nesta síndrome de incapacidade amorosa. O mesmo tipo de diagnóstico psicológico pode ser feito relativamente ao jovem e inconstante protagonista da Cantiga 42, "un mui falss'amador/ que amÿude cambiava/ seus amores dun en al" e que, após uma breve enfatuação pela beleza da imagem da Virgem, volta para a "amiga primeira", com quem se casa não por desejo próprio mas "per prazer dos parentes"(25).


Nenhum destes pouco fervorosos apaixonados consumará o casamento, o que está perfeitamente de acordo com a tradição da lenda. Contudo, ao simples impedimento causado pela presença da divindade desdenhada, substituem-se ou acrescentam-se aqui vários processos que não só permitem, mais uma vez, o estabelecimento de um paralelismo entre o funcionamento simbólico dos dois textos, mas me parecem muito significativos dado ser possível assimilá-los a elementos bem conhecidos dos ritos da Grande Deusa. Assim, em ambos os casos, é indiciada a impotência do noivo, impotência essa mediatizada pela inconsciência e a possessão, características, segundo J. J. Walter(26), do orgiasmo ritual. Na cantiga, o sono, enviado pela Virgem "pera os partir", impede o noivo de se aproximar da sua desposada; além disso, os seus sonhos são povoados pela visão da Virgem sob um aspecto de tal forma ameaçador que o jovem, tomado de pânico, se levanta e foge, castrando-se simbolicamente ao fazer-se monge numa ermida. Na Vénus, a boda adquire uma conotação orgiástica, e é nesse contexto que o vinho, tradicional adjuvante dos estados de possessão ritual prévios a um sacrifício (como a castração) ou a uma hierogamia(27), age sobre o noivo: este encontra-se "pris de vin", o que é simbólica e funcionalmente equivalente a estar possuído pela deusa. Paradoxalmente, é com base em especulações acerca dos efeitos do vinho sobre a virilidade masculina – "prennez garde!", adverte o narrador, "on dit que le vin..." – que, como nota Jacques Chabot(28), vai ser criada em torno de Alphonse uma sugestão geral de impotência. Mas não é apenas neste passo que se manifesta a natureza terrífica e as potencialidades nefastas da Vénus: sabemos que, mal é retirada da terra, cai sobre a perna de um dos dois homens que a desenterram, Jean Coll, deixando-o coxo para toda a vida. Como é bem conhecido, a ferida na perna, cujo exemplo paradigmático é a do rei pescador do Graal, é simbolicamente equivalente à impotência ou à castração(29), e está em relação com a esterilidade da terra. Ora Jean Coll, que desastradamente ferira a estátua com um golpe de picareta ao desenterrá-la, é em Ille o único jogador de pelota à altura de Alphonse – "c'était lui qui faisait sa partie" – funcionando, assim, como seu duplo, de modo que esta castração simbólica prefigura o destino do herói. Além disso, a vingança da deusa estende-se para além dos acontecimentos relatados, pois o fatídico ressoar do bronze, que já Jean Coll tinha provocado com a sua picareta, é amplificado pela refundição da estátua num sino cujas badaladas sonoras propagam em Ille a esterilidade: as vinhas gelam, e, com a ausência de vinho, é impedida a possibilidade de uma nova orgia propiciadora da renovação. A alternância cíclica é interrompida e a "terra gasta" instaurada em perpetuidade.
A divindade ctónica representada pela estátua, terrífica e castradora, desenha-se assim como uma figuração da Grande Deusa, e o casamento interrompido impõe o paralelismo com a boda frustrada do pequeno deus Átis, no episódio mitológico relatado acima(30).
O enquadramento dos textos em análise neste contexto mítico-simbólico parece-me pertinente, pois permite que certos elementos do discurso, cuja funcionalidade se encontra não no nível narrativo mas no plano simbólico, adquiram a sua plena signifícância. Resquícios da redundância semântica do mito, estes elementos sobrepõem-se à coerência da narrativa, que por vezes parecem enfraquecer, encontrando-se espalhados no texto como que ao acaso – mas um acaso ordenado pela lógica profunda dos arquétipos. Tal é o caso, nestes textos, dos indícios de androginia que marcam as personagens centrais: a estátua e o jovem. Bastante explícitos no conto, em que a caracterização das personagens é relativamente detalhada, estes indícios são quase subliminares na cantiga; a análise comparativa permite, contudo, afirmar que estão presentes.
Referi acima o modo como se inscrevem nestes textos a impotência e a castração simbólica do protagonista, conduzindo-o a um estado final de anulamento sexual; mas estes elementos, aqui privados da sua dimensão sacrificial, foram narrativamente aproveitados numa relação causal com a ira da divindade a quem é recusada uma hierogamia, pelo que a sua função nos textos é perfeitamente clara. O que se toma curioso notar, pois não encontra explicação no nível narrativo, é a existência, desde o início dos relatos, de alguns traços subtis que, ao marcarem as personagens masculinas centrais com o estigma da imaturidade, minam de alguma forma a sua virilidade.
Assim, o jovem da cantiga, contrastando com os outros jogadores, referidos como "omeens mancebos", é repetidamente chamado "donzel", o que não só põe em evidência a sua extrema juventude mas indicia ainda uma certa incapacidade física: o donzel, jovem que não foi ainda armado cavaleiro, não viu reconhecido o seu direito a ser iniciado nas tarefas propriamente masculinas. Já no conto de Merimée, a pujança física do herói, "un grand jeun'homme" de quem o narrador gaba as "formes athlétiques", bem como a sua idade, 26 anos, pareceriam, à primeira vista, impedir qualquer veleidade de efebização da personagem; contudo, a incapacidade de acção que caracteriza Alphonse, potenciada pelas ressonâncias simbólicas da forma como é referido ao longo de todo o texto – "monsieur le fils" – , contraria de tal forma o seu estatuto de adulto que Jacques Chabot, num ponto da sua análise, como que esquecido da idade do herói, lhe chama "adolescente narcísico"(31). Talvez venha a propósito lembrar aqui as considerações de Marie Delcourt(32) acerca de Dioniso, figura caracterizada do pequeno deus, cujo aspecto de adolescente grácil corresponderia a uma desfiguração através da efeminação da sua dupla natureza sexual. Ora, se no jovem do milagre não encontramos nenhum sinal claro de feminilidade, o mesmo já não se pode dizer de Alphonse: o seu dandiismo(33) leva-o a manifestar admiração pela corrente do relógio do narrador, atitude esta que tem um paralelo exacto no interesse que, no conto Carmen de Merimée, a heroína demonstra justamente pelo relógio do narrador. Tal coincidência sugere que o autor caracteriza em Alphonse uma personagem parcialmente dominada pelo princípio do feminino.
Um outro aspecto interessante, ligado agora à imaturidade psicológica das personagens, é a sua falta de autonomia, simbolizada na apatia face ao casamento, já referida acima: nenhum dos protagonistas se casa por decisão própria, mas por uma questão de sintonia com a família(34). Trata-se, portanto, de heróis sem vontade e sem poder – o que é facilmente assimilável a uma falta de virilidade. E, neste contexto psicológico, a própria inconstância das personagens, sintoma de incapacidade amorosa que indicia, talvez, uma imperfeita identidade, pode também ser contrária à afirmação da sua masculinidade.
Tanto Alphonse como o donzel surgem assim sob o signo, senão da ambiguidade, pelo menos da indefinição sexual.
Quanto à estátua, apresenta em Mérimée uma acentuada ambivalência sexual que não é apenas insinuada ao longo do texto mas abertamente anunciada na epígrafe tomada de Luciano: "Que esta estátua nos seja favorável e propícia, uma vez que é semelhante a um homem". No seu estudo sobre La Vénus d'Ille, Jacques Chabot(35) debruça-se exaustivamente sobre a impressão de "inquietante estranheza" transmitida pela estátua, cuja caracterização assenta sobre um conjunto de contradições: morta/viva, negra pelo corpo/branca pelos olhos, bela/feroz, e sobretudo, fálica, apesar de mulher. Entre as características que veiculam a duplicidade sexual da Vénus, este autor assinala a sua pose masculina, na posição do "joueur de mourre", e o poder viril do seu olhar, pois "elle faisait baisser les yeux à ceux qui la regardaient", submetendo-os, assim, ao seu domínio.
Como mostra Marie Delcourt(36), as representações de Afrodite e Vénus como deusas duplamente sexuadas, geralmente associadas à fertilidade, não são raras; mas a estátua que encontramos na Vénus d'Ille não se enquadra de forma alguma neste âmbito: representa, pelo contrário, uma divindade violenta, assustadora, caracterizada pelo desequilíbrio, pois nela o aspecto maternal é completamente esmagado pelas características terrificantes. É bem uma hipóstase de Agdístis, o hermafrodita furioso, cuja violência, explicitamente ligada à virilidade(37), só a emasculação poderia controlar. E é precisamente isso que os rapazes da aldeia, ao quererem arrancar à Vénus os brilhantes olhos de prata, pretendem fazer: anular o seu potencial nefasto através de um acto que, como nota Jacques Chabot (ver nota 34) representa uma castração simbólica. Pelo contrário, a fusão da estátua em sino, incorporando na liga a prata dos olhos – cujas propriedades sonoras são bem conhecidas –, irá ainda reforçar e perpetuar o seu poder maléfico.
Na Virgem da cantiga, os traços de duplicidade sexual estão muito mais apagados, mas o estudo comparativo permite defender que se encontram presentes no potencial terrificante por ela revelado durante o sonho do jovem(38).
Assim, a sombra do andrógino parece projectar-se, com maior ou menor incidência, sobre a estátua de Vénus e a imagem da Virgem, reforçando o que tínhamos já verificado relativamente aos seus involuntários prometidos. Mas, ao contrário do que seria de esperar a partir da citação de Eliade apresentada no início deste trabalho, nenhuma destas quatro figuras mostra, quando considerada individualmente, corresponder à perfeição do "ser absoluto, da realidade última". E isto talvez porque, no fundo, não são, de acordo com a definição de Durand, "símbolos de união", mas, pelo contrário, produtos imperfeitos da cisão da díade androgínica, cuja plenitude simbólica só se poderia revelar numa nova fusão. Assim sendo, as personagens destes relatos funcionam, de certa forma, como arquétipos invertidos, uma vez que, separadamente, não representam a coincidentia oppositorum, ilustrando antes um estado de incompatibilidade dos contrários. São imagens completamentares na sua imperfeição(39).
Na Vénus d'Ille, a harmonia androgínica, perdida quando gelou a oliveira, símbolo da fusão da Deusa e do filho (ver nota 15), é fugazmente recuperada durante o jogo em que Alphonse, indiferente ao seu próximo casamento, coloca o anel no dedo da estátua e ganha a partida, assegurando simbolicamente a fertilidade para Ille. Nas palavras do narrador, "Allors je le trouvai vraiment beau; il était passionné". Mas trata-se de um estado passageiro, e o conto termina em plena disforia, com a morte do herói e a amplificação pelo sino das virtualidades nefastas da estátua.
Já a Cantiga 42 apresenta um desfecho completamente diferente. Aqui, a hierogamia, recusada numa primeira fase, acaba por se cumprir simbolicamente no sacrifício a que corresponde o encerramento do jovem na ermida (ver nota 26). A díade funde-se, pois o donzel "en toda sa vida [...] serviu a Santa Maria" e a plenitude androgínica manifesta-se, nas palavras de Mircea Eliade, na "perfeição de um estado primordial", "da realidade última", dado que a Virgem "o levou pois conssigo [...] deste mund'a Parayso".
Creio que, após esta análise, não parece abusivo conceptualizar estes dois textos como concretizações narrativas de potencialidades significativas opostas da imagem arquetípica do andrógino: a beatitude da existência androgínica (na cantiga) e a tragédia do andrógino despedaçado (na Vénus). Em ambos os casos, precisamente por se tratar de textos situados na esfera do maravilhoso ou do fantástico – onde a ordem do imaginário se substitui às leis da realidade –, é nítida a relevância dos indícios de androginia que, durante o processo de narrativização do arquétipo e de fixação de funções, terão permanecido associados às personagens. Com efeito, embora não sejam funcionais do ponto de vista da intriga, estes indícios subtendem toda a coerência simbólica dos relatos.
A aproximação entre esta lenda e o mito de D. João vem, ainda, reforçar a ideia da androginia essencial da díade estátua vingadora/amoroso inconstante aniquilado. Aqui, a estátua reveste o aspecto masculino do homem que D. João matou, mas a sua androginia potencial manifesta-se na crescente funcionalidade que adquire no mito uma das vítimas do sedutor, a filha do morto. Com efeito, segundo Jean Rousset(40), Ana, a filha do comendador assassinado por D. Juan, sendo em Tirso de Molina uma figura quase ausente, apresenta-se em Da Ponte/Mozart e nos românticos como um prolongamento da presença da estátua, que será, afinal, o instrumento da sua vingança. A função da estátua passa, pois, a ser desempenhada por uma dupla constituída por um elemento feminino e outro masculino; e, aproximando-se insensivelmente do arquétipo da fusão androgínica, a função vingadora tinge-se em breve de motivações amorosas-engolidoras. Assim, em Hoffmann(41) podemos ler: "Dom João procura em vão arrancar-se ao abraço de Dona Ana. Mas será que o deseja verdadeiramente?"
Quanto à personagem de D. João, vários autores detectam nela uma predominância de características do feminino. Para Marc Eigeldinger(42), o Don Juan de Musset "não representa uma figura de virilidade. A anima, no sentido em que a entende C. G. Jung, sobrepõe-se nele à masculinidade; é determinado pela predominância da componente feminina no interior da psique"; Álvaro Manuel Machado(43) refere o carácter hermafrodita do D. João de Rilke; Gregório Marañon(44) defende mesmo que D. João é, sem o suspeitar, homossexual. Mais uma vez encontramos, na minha opinião, indícios da inadequação da diacronia do discurso para exprimir a instantaneidade da imagem arquetípica. A dita homossexualidade de D. João, totalmente disfuncional no mito, não passa de uma interpretação abusiva dos traços feminóides que reflectem no texto a sua existência de pequeno deus no mundo paralelo dos arquétipos.
Alargando o campo de estudo de forma a abranger géneros literários de pendor mais "realista", penso que seria interessante proceder a uma análise comparativa entre os dois textos sobre os quais incide este trabalho e obras baseadas no fecundo tema da paixão de uma mulher madura por um jovem, no sentido de investigar a recorrência do mesmo tipo de ambiguidade sexual das personagens(45). Tal constatação sugeriria que a nostalgia do andrógino poderia estar, de alguma forma, em relação com a génese destas obras. Esta hipótese é heurística na medida em que pode abrir novas linhas de interpretação ou fundamentar intuições aparentemente não apoiadas.
Para terminar, gostaria de referir o facto de a metodologia seguida neste trabalho parecer demonstrar que, do mesmo modo que as narrativas mitológicas, a literatura fantástica ou maravilhosa pode, enquanto mediadora entre o imaginário e o restante corpus literário, desempenhar um importante papel na identificação de famílias de textos decorrentes da mesma imagem arquetípica.

(1)comunicação inédita, apresentada no «Encontro sobre mundos alternativos na Literatura», Fundação das casas de Fronteira e Alorna, Lisboa, 11 a 13 de Dezembro de 1992.
(2) Mythes, Rêves et Mystères, Gallimard, Paris, 1957, p. 216. Cabe à autora a responsabilidade da tradução desta e das restantes citações, de obras teóricas ou críticas, incluídas no texto.
(3) Op. cit., pp. 215-216.
(4) The Portable Jung, ed. Joseph Campbell, Penguin, Harmondsworth, 1976, p. 52.
(5) Le Mythe de 1'Androgyne, Berg, Paris, 1980, I, cap. 3.
(6) Les Structures anthropologiques de 1'Imaginaire, Dunod, Paris, 1992, (1a ed. 1969), p. 337.
(7) Op.cit., p. 335.
(8) Apud J. Peignot, Les Jeux de l'Amour et du Langage, U.G.E., Paris, 1964, p. 15.
(9) Op. cit., p. 431.
(10) Hermaphrodite, P.U.F., Paris, 1958, p. 49.
(11) É de notar que, neste mito, a castração ocorre repetidamente integrada numa constelação de elementos — a árvore, a orgia (aqui representada pelo vinho ou pela festa) e a inconsciência (do sono ou da loucura) — que se mantém invariante.
(12) A castração ritual era, aliás, praticada pelos galli, os sacerdotes eunucos de Cibele.
(13) Psychanalyse des Rites, Denoel-Gonthier, Paris, 1977, pp. 126, 53 e ss.
(14) Apud Nuno Júdice, "Le motif dans la construction de 1'espace du récit", in Actes du XIIème Congrès de l'Association Intemationale de Littérature comparée, Munique, 1988, vol. II, pp. 431-435, n. 3.
(15) Segundo Pierre-Georges Castex, Le Conte fantastique en France de Nodier à Maupassant, Corti, Paris, 1951, "uma cronica latina de Hermann Corner, redigida no século XI, atribui um feito semelhante a uma Vénus".
(16) J. J. Walter, op.cit., pp. 62 e ss., considera que a árvore, sendo simultaneamente um símbolo da Grande Deusa e do pequeno deus, representa a sua fusão, o que é equivalente a dizer que figura uma hierogamia permanente. A morte da oliveira pode, pois, ser encarada como uma separação entre os elementos da díade, que só será sanada por meio de uma hierogamia ritual.
(17) Op. cit., pp. 274-276.
(18) Ver Jean-Marie Lhôte, Le Symbolisme des Jeux, Berg, Paris, 1976, pp. 37, 42.
(19) Sabemos, contudo, que Afonso o Sábio conhecia o simbolismo cíclico do jogo, como demonstram os seus Libros de Acedrex, datados de 1283.
(20) "Le symbolisme du jeu des échecs", in Le Symbolisme, Arché, Milão, 1979, pp. 19-27.
(21) J. M. Lhôte, op. cit., p. 47.
(22) Cuja beleza, ao contrário do que sucedia nas versões primitivas, é enfaticamente afirmada em ambos os textos.
(23) "Quelques rapprochements sugerés par La Vénus d'Ille", Revue des Sciences humaines, 107, 1962, (pp. 453-461), p. 460.
(24) L 'Autre Moi, Edisud, Aix-en-Provence, 1983, pp. 149.
(25) Não pretendo sobrevalorizar este último aspecto, nem interpretá-lo de um ponto de vista próximo da exaltação dos sentimentos característica do Romantismo que se nota no conto. A concepção medieval do casamento está, pelo contrário, em perfeita consonância com a submissão do indivíduo ao interesse familiar posta em evidência na cantiga. Seja como for, não deixa de me parecer significativo o destaque dado aí a um tipo de atitude que, como refere Georges Duby (Mâle Moyen Age, Flammarion, Paris, 1990, pp. 37-38), não só é muito mais marcada no feminino do que no masculino, como tende a ser abafada nos textos literários coevos, dada a sua contradição com a visão do casamento que a Igreja procurava impor.
(26) Op. cit., pp. 91, 145 e ss. É interessante notar que, nos textos em análise, estes estados são induzidos pelo sono ou pelo vinho, que, significativamente, encontramos ligados à emasculação de Agdístis.
(27) J. J. Walter considera equivalentes, pelo seu sentido mítico, a hierogamia e o sacrifício (op. cit., p. 280).
(28) Op. cit., pp. 146-147.
(29) Convém notar que, em vários pontos da obra aqui citada, J. J. Walter refere a mutilação do pé como um substituto ritual da castração.
(30) Apenas como um aparte, julgo curioso mencionar aqui que também Agdístis é castrado junto de um pinheiro e que o convento onde o jovem da cantiga se recolhe fica "cabo un piñal". Mera coincidência? W. Warde Fowler (apud J. J. Walter, op. cit.) refere uma festa do culto de Átis, celebrada pelos romanos no equinócio da primavera, em que o tronco de um pinheiro abatido no bosque sagrado da Grande-Mãe, junto ao seu templo no Palatino, era honrado e chorado como o cadáver do pequeno deus. Ora as versões mais antigas da lenda de estátua – que, no entanto, não fazem qualquer referência à árvore – situam-na em Roma.
(31) Op. cit., p. 150.
(32) Op. cit., p. 37.
(33) Cuja significação, deslizando para narcisismo e daí para tendência homossexual, nos pode levar até à efeminação.
(34) O que, mais uma vez, leva a um paralelismo com o mito de Átis. Ver ainda, sobre a relevância sócio-cultural desta atitude, a nota 24.
(35) Op. cit., pp. 131-139.
(36) Op. cit., cap. II.
(37) A assimilação entre violência e virilidade vem corroborar a hipótese de Przylusky (apud J. J. Walther, op. cit., pp. 26-27 e 74) segundo a qual os nomes dos deuses masculinos Ares e Marte se aparentam com a série de nomes da Grande Deusa derivados da raiz ardvi, sendo que nestes deuses guerreiros apenas subsistiu o aspecto violento, mortal, da Deusa.
(38) Levando a análise um pouco mais longe — longe demais? — será talvez possível defender que, tal como Alphonse, embriagado e impotente, se encontrava possuído por Vénus, também o donzel, no sonho que o afasta da noiva, se encontra possuído pela Virgem; ora, no estado de possessão, como mostra J. J. Walter (op. cit., pp. 91-92), independentemente dos sexos respectivos, a divindade é comparada ao homem e o fiel à mulher na relação sexual.
(39) Por exemplo, Alphonse caracteriza-se pela imobilidade física e a falta de expressão; quanto à estátua, é até incomodativamente expressiva e, paradoxalmente, parece ter a faculdade de se mover.
(40) Ver J. Rousset et al., O Mito de D. Juan, Arcádia, Lisboa, 1981, p. 34.
(41) Apud J. Rousset, Le Mythe de Don Juan, Armand Colin, Paris, 1978, p. 59.
(42) Mythologie et Intertextualité, Slatkine, Geneve, 1987, p. 28.
(43) Ver J. Rousset et al., op. cit., p. 25.
(44) Apud Molière, Dom Juan ou le Festin de Pierre, ed. Anne Marie Marel e Henri Marel, Bordas, Paris, 1980, p. 124.
(45) Como exemplo, parece-me elucidativo mencionar Chéri, um dos mais conhecidos romances de Colette, cujos protagonistas são Léa, uma ainda muito bela cortesã à beira dos cinquenta anos, e Chéri, o seu jovem amante. Logo na página de abertura, surge Chéri, "un très beau et très jeune homme" que, numa cena cheia de movimento, dança e ri perante o espelho onde se reflecte a sua imagem adornada com o colar de pérolas de Léa, enquanto esta o contempla, silenciosa e majestosamente estendida no "grand lit de fer forgé et de cuivre ciselé, qui brillait dans l'ombre comme une armure". A contaminação da caracterização do jovem por traços femininos e da da mulher por elementos viris é de tal modo notória que chega a sugerir uma inversão dos papéis sexuais cuja pertinência narrativa o desenvolvimento do enredo se encarregará de negar. Contudo, as ressonâncias simbólicas desta apresentação das personagens, bem como de outros indícios da sua ambiguidade sexual espalhados ao longo do texto, ao revelarem a natureza androgínica da ligação entre Léa e Chéri, são muito possivelmente responsáveis pela adesão emocional que o romance suscita, transmutando-o em muito mais do que a história de uma cortesã decadente e do seu gigolo

MITOLOGIA NÓRDICA: Vikings INVADEM Lindesfarn


08 DE Junho 793 d.c Vikings INVADEM Lindesfarn
A data aceita pelos historiadores como o inicio da era dos Vikings foi a tomada do monasteiro na Ilha chamada Lindesfarne no Noroeste da GranBretanha.
Quem foram os Vikings?
Nome generico que engloba estes navegadores/guerreiros de paises como a Dinamarca, Suecia e Noruega. No pique de sua era eles controlaram a maior parte Do Norte da Eurapa , indo ate Constantinopla.
Era Viking de 780 ate 1070 (Kevin Crossley pg 14 Norse Myth - Gods of The Vikings)
Origem do nome Viking eh vaga. Porem, pensa-se que se originou do old Norse vik, que quer dizer enseada - qu descreve mais ou menos as costas maritimas da Escandinavia. Ou ate da palavra wik proveniente do Ingles antigo significando lugar de comercio.


Os Vikings que seguiram para o leste invadindo e colonizando a Finlandia , Greenland e Newfoundland eram em sua maioria Noruegueses.
Eric, o ruivo, chamava Greenland de Green, quando fundou a colonia de Brattahild.
Leif Ericson , chegou a Newfoundland no Canada e New England nos Estados Unidos.
Os Vikings que seguiram para leste do Baltico, navegando pelo Rio Volkhov to Novgorod, na sua maioria Suecos, carregaram seu barcos rolando-os em terra sobre troncos ate atingir Kieve, Black sea e Constantinopla.
Outro grupo (que denominava a si mesmos de RUS, seguiu de Novgorod ate o Rio Volga, navegando Sul ate o mar Caspio e Baghdad. Isto foi documentado por um diplomata Arabe de entao, chamado Fadlan.


Os Vikings que naveragam para o sul , colonizaram , Escocia, Irlanda e Inglaterra. Estes tambem invadiram a Franca indo ate o vale de Loire., Lisboa, Cadiz e Sevilha, Norte da Itali, Pisa e Sicily.

Hails Odin

Hails Unsar Guda Ases Jah Vanes
Hails Haithnu Thiuda
Hails Brothru's Visigoths

Esta mensagem eh minha contribuicao para a divulgacao da Historia Viking.

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