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MAGIA: TABACO


O Tabaco é uma planta da família das solanáceas, de caule reto e folhas largas. O seu princípio ativo é um alcalóide, C-10, H-14, N-2 , a nicotina.
Existem mais de dez espécies de tabaco. A Nicotiana Rustica era a mais difundida ao Novo Mundo na época da Conquista. Em todos os continentes, os índios consideram o Tabaco como uma das mais importantes entre as plantas
mágicas e medicinais. Planta Sagrada, cujo uso também é ritual. "O ato de fumar lembra ao homem sua origem e celebra a unidade do cosmo harmonizando a
Terra e o Céu." Em certas condições, aquele que fuma pode atingir estados de "realidade não ordinária", e uma ampliação do campo de sua consciência.
O Tabaco pode ser mascado, aspirado pelo nariz ou bebido em cocção. É consumido puro ou em associação com outras plantas; fumado em charutos e em cachimbo. Nos rituais indígenas, é bastante usado, puro ou em associação com
outras plantas fumado em cachimbos bem grandes. Inútil discorrer sobre os malefícios que seu uso traz à humanidade... todos já sabemos isso atualmente. O cachimbo simboliza a harmonia do universo, é um instrumento ritual que permite a pessoa comunicar-se com as forças sobrenaturais, com os espíritos e com todos os seres do céu e da terra.
O Profeta Sioux Alce Negro, deu as chaves da magia ritual do cachimbo sagrado entre os índios da planície; as quatro fitas que pendem do tubo do cachimbo representam as quatro direções do universo. Enquanto a pena de águia representa a unidade do conjunto e o zênite, rumo ao qual o espírito
dos homens deve ascender, como a fumaça azul sobe ao céu, ou como a águia ganha as alturas. O ato de fumar o cachimbo permite uma comunicação privilegiada com o céu e a terra, e todos os seres vivos, seus filhos, "tenham eles pés ou raízes". Ele instaura um elo sagrado entre os que o
realizam em comum.
O charuto: As observações atualmente realizadas dentro de uma cultura indígena que pratica o xamanismo baseado no tabaco como um dos veículos da experiência estática, visionária e adivinhatória - e também como uma arma
mágica e meio terapêutico - nos fazem ver que o mito e o ritual recobrem uma realidade que se grava em todas as células do corpo do experimentador e que a grande abertura do espírito é acompanhada da aquisição progressiva de
faculdades "paranormais", ou poderes mágicos. Tomemos como exemplos os índios Warao do delta do Orenoco, na Venezuela, que fumam charutos de 50 a 75 cm de comprimento. O invólucro, feito de epiderme do caule da palmeira manacá contém, firmemente enrolados, várias folhas de tabaco preto aspergidas da resina perfumada do cucuray ou árvore shiburu. Não é raro misturar-se grãos de incenso ao tabaco.
No Brasil, nas sessões umbandísticas utilizam-se charutos como propriciador de estados adivinhatórios. Como acontece quando do consumo ritual de outras
substâncias de efeito psicoativo, o êxtase xamânico é a resultante, por um lado, da ação conjugada da ascese e da planta e, por outro, da programação cultural comunicada pelo ensinamento tradicional. A iniciação representa a
finalização de uma profunda relação de mestre para discípulo. Ao fim de uma longa instrução por um xamã experimentado, o neófito empreende o jejum decisivo: canta os cantos, que seu mestre lhe ensinou e, chegado o momento, fuma o charuto que este lhe estende - os próximos, ele próprio os enrolará.
Então, em estado de êxtase, o neófito aprende a subir ao zênite e, de lá, a caminhar ao longo de uma das rotas do arco-íres que conduzem à extremidade do cosmos (um dos pontos cardeais). Depois, num dos maciços de montanhas
mágicas, que sustentam, como quatro pilares, a abóboda celeste, reencontra seu espírito aliado - e a casa de fumaça preparada para ele, por toda a eternidade... Daí por diante, sua vida será dupla: neste mundo, e do "outro lado" da realidade, sobre uma vertente visionária que não é menos real que este, e representa, ao mesmo tempo, a essência do espírito do seu povo e uma fonte inesgotável de energia mágica pessoal.
As viagens iniciáticas são iguais em toda a parte do planeta e certamente não é por acaso que, do Livro dos Mortos Tibetano às narrativas amazônicas, as aventuras do ser que estão descritos apresentam tantos pontos em comum.
Simbolismo vivido do arco-íris e conhecimento da clara luz.
Por todo o território da América do Sul indígena, a viagem comporta, em geral, provas de equilíbrio acima de abismos aterradores, de reencontro com forças selvagens encarnadas por animais ferozes e, muitas vezes, passada a "porta que se fecha automaticamente com a rapidez do relâmpago, a revelação de Serpente Emplumada.
Entre os Warao, o mito da origem descreve a iniciação de um menino de quatro anos:
"Um dia, um homem e uma mulher apareceram no centro da Terra. Eram bons mas seus espíritos eram toscos. Tiveram um filho, e que aos quatro anos mostrava uma inteligência prodigiosa. Pensava em muitas coisas. Nesta condição,
acabou por pensar no lugar hoebo, que fica a oeste, com odor de cadáveres de sangue e de obscuridade. Portanto, devia haver qualquer coisa a leste, disse a criança para si mesma, alguma coisa de luz e de cores". E decidiu ir para
o universo. "Se bem que o corpo do menino fosse bastante leve, ainda assim era pesado demais para voar. O menino pensou nisso longamente, até que um dia pediu ao pai que empilhasse lenha suficiente para o fogo sob sua rede.
Durante quatro dias não comeu nem bebeu. Na noite do quinto dia, acendeu a lenha com um fogo virgem e adormeceu. Então, com o calor e a fumaça do fogo
novo, o espírito do menino subiu ao zênite. Alguém se dirigiu a ele e disse: - "Segue-me, vou mostrar-te a ponte que conduz à Casa da Fumaça do leste".
Em breve o menino encontrou uma ponte feita de grossas cordas de fumaça de tabaco. Seguiu o invisível espírito conselheiro até à ponte onde, a pouca distância do centro da abóboda celeste, fileiras de flores maravilhosas
começaram a vibrar ao longo da ponte num arco-íris de cores irradiantes - vermelho e amarelo à esquerda, azul e verde à direita. Uma doce brisa fazia ondular as flores. Como a ponte, as flores eram feitas de fumaça de tabaco
solidificada. Tudo era brilhante e tranqüilo. O guia invisível impeliu o menino na direção da Casa de Fumaça. De longe, ele já ouvia o canto dos baharanao (espíritos). A ponte conduzia direto à porta da Casa de Fumaça a
leste. O menino chegou ao umbral da casa, ouviu a música maravilhosa e sentiu-se transportado de alegria. Só queria entrar, imediatamente.
- Diz-me quem és, perguntou uma voz no interior.
- Sou eu o filho de Warao.
- Que idade tens?
- Quatro anos. (um número ritual e simbólico)
- Podes entrar, aquiesceu o Pássaro criador.
Fora o bahana (o espírito) supremo, que lhe fizera as perguntas.
Ele disse:
- Tu és puro e não conheceste mulher.
O menino entrou na Casa de Fumaça. Saudou o Criador pássaro da aurora e seus quatro companheiros que saíram de seus aposentos. Parou diante da mesa coberta de uma toalha branca e viu os quatro pratos do jogo de bahana e,
colocadas em cima, as armas. Quis saber tudo sobre estas coisas:
- Qual delas gostaria de ter, perguntou o bahana supremo.
- Todas elas: o cristal, os cabelos brancos, as pedras, a fumaça e também o arco e as flechas.
O menino era, na verdade, muito inteligente.
- Todas serão suas.
- Agora, ensina-me teu belo canto.
Então, do chão da Casa de Fumaça, o menino viu surgir a cabeça de uma serpente, dotada de quatro plumas coloridas: branca, amarela, azul e verde.
E as plumas emitiam uma nota musical como fazem os sinos. Projetando sua língua bifurcada, a Serpente Emplumada emitiu uma bola de fumaça de tabaco,
de uma brancura irradiante.
- Eu conheço bahana! - bradou o menino.
- Agora o tens, disse o bahana. Tu és bahanarotu. A serpente se retirou, os insetos-companheiros retornaram aos seus aposentos e o menino saiu do transe
estático".
O "abre-te sésamo" da casa mágica é o conhecimento de si. A mensagem dos Warao une-se à Sócrates e dos patriarcas Zen: "Conhece a ti mesmo", ou então
"Qual é o teu rosto original"? Quer surja o "Criador pássaro da aurora", a Esfinge ou o Dragão, a mesma pergunta atravessa a humanidade de era em era:
"Quem somos nós?" Da resposta a esta pergunta, do campo infinito de experiências de que ela se constituiu, jorram Como faíscas de um fogo, toda sorte de poderes, dentre os quais o de "ver", de apreender o mundo intuitivamente, como feiticeiros, como adivinho, como sábio.
(universomistico)

Sara

http://br.groups.yahoo.com/groups/DICAS_ESPIRITUAIS

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